O que aprendemos com a pandemia
A nossa geração está vivendo uma situação inusitada com o advento da Covid-19, situação essa que muitos de nossos antepassados também viveram com algumas diferenças. Considero as três principais a existência da informática, das chamadas “mídias sociais” e do Sistema Único de Saúde.
A Informática, cada vez mais, nos coloca por todos os cantos do mundo. Esta situação foi prevista por George Orwell quando, em 1948 escrevia seu famoso livro ao qual deu o nome de 1984 e onde criou o “Big Brother” que via tudo o que se passava pelo mundo.
As mídias sociais, pelo seu mau uso, estão se tornando mídias anti-sociais as quais, muito além de colocar as pessoas em contato, favorecem disputas diversas onde opiniões e pontos de vista são colocados como verdades inquestionáveis.
E, finalmente, temos a sorte de contar com o SUS, uma decorrência da Constituição Federal de 1988, denominada Constituição Cidadã e que é uma entidade de saúde admirada em todo o mundo. Mais do que nunca, esse momento corrobora a sua importância.
Com a pandemia todos os tópicos acima têm sido, de maneira crescente, intensamente utilizados; e isso sem falarmos no convívio com os familiares e o afastamento real do nosso entorno. E, diria ainda, com a maior convivência nossa com nós mesmos.
A pandemia, por seu alastramento, lembra um pensamento que costumo citar, do filósofo espanhol Ortega y Gasset: “Eu sou eu e minha circunstância e se não a salvo, não me salvo”. E acredito que aí está o maior ensinamento da pandemia. além da situação involuntária vemos florescer gestos de apoio e colaboração para os que, por diversas razões são os mais necessitados.
E, para terminar vou falar de um aprendizado extremamente cruel. Posturas de algumas autoridades públicas, dando mais importância ao dinheiro em si e à dívida com bancos do que a sua utilização em prol da saúde coletiva, valendo lembrar o título de um livro de Noam Chomsky aplaudido por todo o mundo, “O Lucro ou as Pessoas”. E, ainda mais grave, o comportamento de quem deveria dar o exemplo que, além das posições acima, ridiculariza as medidas de proteção pessoal e de contaminação social relativas ao vírus da pandemia.
*Diretor-Presidente do Observatório da Saúde.
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